sexta-feira, 4 de julho de 2008

De cara lavada - 177 - Martha Medeiros


(Tela de Frida Khalo)
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hoje me desfiz dos meus bens
vendi o sofá cujo tecido desenhei
e a mesa de jantar onde fizemos planos
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o quadro que fica atrás do bar
rifei junto com algumas quinquilharias
da época em que nos juntamos
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a tevê e o aparelho de som
foram adquiridos pela vizinha
testemunha do quanto erramos
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a cama doei para um asilo
sem olhar pra trás e lembrar
do que ali inventamos
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aquele cinzeiro de cobre
foi de brinde com os cristais
e as plantas que não regamos
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coube tudo num caminhão de mudança
até a dor que não soubemos curar
mas que um dia vamos
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3 comentários:

Dois Rios disse...

A dor maior é ver que no caminhão cabe, além dos planos da vida a dois, um amor machucado,um sonho desfeito e uma ilusão perdida. A dor da perda vai numa caixa especial aonde o tempo demora muito a agir.
Beijo,

antes que a natureza morra disse...

Oi, guriazinha !

Grande blog...belos textos, reveladores de extraodinária sensibilidade. Morei em Curitiba 3 anos, quando fazia meu curso de pós-graduação na UFPr, provavelmente nem tinhas nascido...rsssssss
Adorei conhecer teu blog.
beijo

James Pizarro

Davi Cartes Alves disse...

É tão bom retornar aqui Renata. Tudo tão lindo. Essas palavras de luz e magia, e essas imagens, em que sonhos voce traz??
Beijo Querida