segunda-feira, 31 de março de 2008

Meus Rabiscos...


Estrada da Graciosa - Renata Christina




Num dia de verão uma viagem de encontro à natureza. Em cada curva da estrada um espetáculo majestoso ao ar livre: beijinhos, xaxins, bananeiras, hortências e bromélias.


A serra encanta com suas cascatas e um rio propício para um banho de água gelada revigorante. A parada se estende para apreciar mais ainda a paisagem e para uma agradável conversa.


De volta ao carro, indo de encontro ao nosso destino, goiabeiras sacodem ao sabor do vento seus saborosos frutos. Outra parada: impossível não degustá-los!


Apreciar a serra majestosa e o Pico Marumbi é um outro espetáculo. A imponência de ambos fascina. Nada como sentir o cheiro do verde e da terra ao redor.


À medida que avançamos a descida, nuvens de chuva sobrepõem-se ao cenário, mas numa próxima curva o sol ressurge radiante.


Em poucos quilômetros chegamos ao nosso destino Morretes, cidade histórica do litoral do Paraná. Temos o tempo livre para apreciar a culinária típica da região e os demais encantos naturais ao nosso alcance.




(imagem retirada de arquivo pessoal)


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sábado, 29 de março de 2008

Horizonte - Henriqueta Lisboa

(Tela de Paul Gauguin - Two Sisters)

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Alma em suspiro

pelo encontro

do que fica

sempre mais longe
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sexta-feira, 28 de março de 2008

Flor de Maricá - Augusto Meyer

(Tela de Elenice Basile - Flores IV)


Este perfume tão fino

é a saudade de um perfume

e parece que resume

o amor de um poeta menino.

Era um doce desatino

era este mesmo perfume

e em meu peito um vivo lume,

um nome, um segredo, um hino!

Mas onde estás, poeta louro?

E onde está o teu tesouro

de amor, de mágoa e queixume?

De tudo aquilo, ficou-me

o vago aroma de um nome

e a saudade de um perfume.
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quinta-feira, 27 de março de 2008

Por João Guimarães Rosa


"Quanto mais ando, querendo pessoas, parece que entro mais no sozinho do vago..." - foi o que pensei na ocasião. De pensar assim me desvalendo. Eu tinha culpa de tudo, na minha vida, e não sabia como não ter. Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo; que, quando notei que estava com dor-de-cabeça, e achei que por certo a tristeza vinha era daquilo, isso até me serviu de bom consolo. E eu nem sabia mais o montante que queria, nem aonde eu extenso ia".
(Tela de Di Cavalcanti - Tempos Modernos)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Meus Rabiscos


(Tela de Clarice Lispector - Tentativa de ser Feliz)



Viver a Alegria - Renata Christina.



Abros as janelas

para arejar a alma empoeirada e

renovar o semblante endurescido pelo tempo.

É hora de correr a favor do tempo,

daquele que não volta jamais,

para não perder oportunidades:

viver intensamente cada minuto de alegria.

Também para dizer ao mundo que

estou viva, vibro e pulso,

não sou apenas um ser robótico

para o qual a felicidade é mera lembrança distante.

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terça-feira, 25 de março de 2008

Canção do Dia de Sempre - Mário Quintana




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Tão bom viver dia a dia...

A vida, assim, jamais cansa...

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Viver tão só de momentos

Como essas nuvens do céu...

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E só ganhar, toda a vida,

Inexperiência...esperança...

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E a rosa louca dos ventos

Presa à copa do chapéu.

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Nunca dês um nome a um rio:

sempre é outro rio a passar.

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Nada jamais continua

Tudo vai recomeçar!

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E sem nenhuma lembrança

Das outras vezes perdidas,

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Atiro a rosa do sonho

Nas tuas mãos distraídas
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segunda-feira, 24 de março de 2008

Poema Natural - Adalgisa Nery

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(Tela de Tarsila do Amaral - 'Manteau Rouge')

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Abro os olhos, não vi nada
Fecho os olhos, já vi tudo.
O meu mundo é muito grande
E tudo que penso acontece.
Aquela nuvem lá em cima?
Eu estou lá,
Ela sou eu.
Ontem com aquele calor
Eu subi, me condensei
E, se o calor aumentar, choverá e cairei.
Abro os olhos, vejo um mar,
Fecho os olhos e já sei.
Aquela alga boiando, à procura de uma pedra?
Eu estou lá,
Ela sou eu.
Cansei do fundo do mar, subi, me desamparei.
Quando a maré baixar, na areia secarei,
Mais tarde em pó tomarei.
Abro os olhos novamente
E vejo a grande montanha,
Fecho os olhos e comento:
Aquela pedra dormindo, parada dentro do tempo,
Recebendo sol e chuva, desmanchando-se ao vento?
Eu estou lá,
Ela sou eu.

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sábado, 22 de março de 2008

Trajecto - Mia Couto


(Desenho de Portinari - Homem)



Na vertigem do oceano
vagueio
sou ave que com o seu voo
se embriaga
Atravesso o reverso do céu
e num instante
eleva-se o meu coração sem peso
Como a desamparada pluma
subo ao reino da inconstância
para alojar a palavra inquieta
Na distância que percorro
eu mudo de ser
permuto de existência
surpreendo os homens
na sua secreta obscuridade
transito por quartos
de cortinados desbotados
e nas calcinadas mãos
que esculpiram o mundo
estremeço como quem desabotoa
a primeira nudez de uma mulher

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sexta-feira, 21 de março de 2008

O que não Conheço - Ricardo Reis


(Tela de Charles Edouard Delort -The welcome visitor)
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Aguardo, equânime, o que não conheço —
Meu futuro e o de tudo.
No fim tudo será silêncio, salvo
Onde o mar banhar nada.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Tardezinha no Interior - Leonor Cordeiro

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(Tela de Tarsila do Amaral - Paisagem Caipira)
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GENTE NAS JANELAS TOMANDO A FRESCA
CARROS DOBRANDO ESQUINAS SEM SINAIS
CRIANÇAS CHORAMINGANDO ATRÁS DO CACHORRO
CHEIRO DE GRAMA MOLHADA
FONTE LUMINOSA ACESA
E O SEU ABRAÇO
QUE DÁ COR À NOITE !

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quarta-feira, 19 de março de 2008

Meus Rabiscos ...

(Tela de Neiva Passuello - Vista de Antonina).
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Revelação


Nas entrelinhas de meus versos
Escancaro sentimentos
Outrora aprisionados.
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Abrando saudades sufocadas e
Pincelo um roteiro de felicidade
A ser vivido ao seu lado.

Navego com persistência
Pelos mares infinitos do amor
Que desaguam em seu coração.


.Renata Christina

terça-feira, 18 de março de 2008

O Luar - Alberto Caeiro


O luar quando bate na relva

Não sei que cousa me lembra…

Lembra-me a voz da criada velha

Contando-me contos de fadas.

E de como Nossa Senhora vestida de mendiga

Andava à noite nas estradas

Socorrendo as crianças maltratadas …

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Se eu já não posso crer que isso é verdade,

Para que bate o luar na relva?..



segunda-feira, 17 de março de 2008

O Tamanho das Pessoas - Ercília Ferraz de Arruda Pollice


(Tela de Daniel Ridgway Knight - The Selwing Circle)



Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Uma pessoa é enorme para você, quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito,quando olha nos olhos e sorri destravado.

É pequena para você quando só pensa em si mesmo,quando se comporta de uma maneira pouco gentil,quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas:
A amizade, o respeito, o carinho, o zelo e até mesmo o amor.

Uma pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com você.

É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.

Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas que agigantam nas críticas e se encolhem quando estão diante dos olhos que sabem seus segredos íntimos e suas atitudes covardes frutos de sua própria insegurança.

Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande.....

É a sua sensibilidade sem tamanho

E ainda dizem que interferência é atrapalhar o caminhar do próximo.
Na maioria das vezes é despertar coragem e a capacidade dos covardes incompetentes.

A esperança esta na certeza que estes se rendem diante da própria imagem diante do espelho e se olham a cada dia mais infelizes.
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domingo, 16 de março de 2008

Pelas Trilhas do Tempo - Estephania Nogueira


(Philip Craig - Ivy Geraniums)


Caminho pelas trilhas do tempo
e sou ave a cantar o pleno dia.

Fogem as horas, mas
as trilhas que palmilho
me entregam a vida renovada.

Que mistério as fazem renovadas?

Se o sabes,
Guarda-me o segredo.

E será novo eternamente.

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sábado, 15 de março de 2008

Duas Faces - Odaísa Taborda do Nascimento Narcizo


(Tela de Alfred Guillou - Morning Bouquet)
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Sou o espanto
sou a dor
sou o desencanto.
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No entanto,
sou amena
tão serena
sou amor, só amor.



sexta-feira, 14 de março de 2008

Arte Poética - J. A. Trajanno


(Tela de Leon Jean Bazile Perrault -A beautiful reflection)
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Que erosão
no choque genésico das marés
de encontro às pedras habitadas.
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Cai areia na areia.

Assim o gasto da palavra
limando os duros conformismos
libertando as verdades mais remotas
tão necessárias ao fruir dos gestos.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Silêncio - Teruko Oda


Na folha em branco

silenciosa as mãos descansam.

Silêncio na mente

que espera

mensagens do coração...

Alma liberta

corpo de mulher

um rosto sem máscaras

fugindo de mim.

No espaço infinito

paina pluma

pelo anseios

angústias

esboço de beijos

afloram desejos.

Ausente de mim

espírito flutua

carícias no espelho

silêncio...

Fonte: Blocos on Line
(Tela de Neiva Passuelo - Jardim de Agapantos)

quarta-feira, 12 de março de 2008

Soneto - Adelaide de Castro Alves Guimarães

(Obra de Mário Zanini - Floresta)
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Ouvindo, ao piano, Luisa Leonardo


Deslizam... voam... céleres se enlaçam
enlevos santos, ideais floridos...
Loiros sonhos de anseios revestidos
entre quimeras fulgidas esvoaçam...

Negros tormentos desvairados passam...
desalentos cruéis, encantos idos,
fanadas ilusões, gozos perdidos,
claros escuros pelos ares traçam...

E de onde da alma humana
transportadas estas miragens vêm?... De inanimadas
rígidas fibras — cordas de um piano,

que palpitam sutis, falam, imploram,
se inflamam, vibram, delirantes choram
das mãos da Artista ao toque soberano!...


terça-feira, 11 de março de 2008

Por Ezra Pound


"Minhas intenções eram boas,
mas enganei-me na maneira de alcançá-las.
Fui um estúpido.
O conhecimento me chegou tarde demais...
Muito tarde me chegou a certeza de nada saber..."
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Ezra Pound
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(Tela de Neiva Passuello - Sinfonia em Lilás)
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segunda-feira, 10 de março de 2008

Instante - Sophia de Mello Breyner Andresen

(Tela de Anita Malfatti)
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Deixai-me limpo
O ar dos quartos
E liso
O branco das paredes
Deixai-me com as coisas
Fundadas no silêncio
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sábado, 8 de março de 2008

Grandes Mulheres !!!


MARGARIDA MARIA ALVEZ
Lutou pelos trabalhadores, como registro em carteira, 13.º salário, jornada de oito horas e férias."É melhor morrer na luta do que morrer de fome"
(05/08/1933 – 12/08/1983)





PRINCESA DIANA
A Princesa do Povo, Lady Di conquistou seu lugar em milhões de corações.
(01.06.1961 – 30.08.1997)





BERTHA LUTZ
A conquista do direito ao voto feminino!

Em 1932 Getúlio Vargas aprova o novo Código Eleitoral contendo o direito de voto das mulheres
(02.08.1894 – 16.09.1976)




ELIS REGINA
E me vingar a qualquer preço


Te adorando pelo avesso,
Só pra provar que eu era tua.
(17.03.1945 - 19.01.1982)



PATRÍCIA REHDER GALVÃO - PAGU
"A mulher de todos os séculos civilizados só conheceu uma finalidade – o casamento..."
(09.06.1910 - 13.12.1962)






OLGA BENARIO
Foi entregue a Hitler pelo governo Vargas. Comandou, o seqüestro de seu namorado, Otto Braun.
(12.02.1908 – ?.04.1942)






CARMEM MIRANDA
O que é que a baiana tem? Você se vista e casa então onde quiser que eu fico mesmo no Brasil honrando um nome de mulher
(09.02.1909 – 05.08.1955)



LEILA DINIZ
"A Mulher de Ipanema" defensora do amor livre e do prazer sexual feminino
(25.03.1945 – 14.06.1972)


IRMÃ DULCE
Dedicou sua vida às obras sociais e à caridade "Quero morrer aos lado dos pobres".
(26.05.1914 – 13.03.1992)

ANITA GARIBALDI
"Heroína dos Dois Mundos" (recebe este título em função de ter lutado primeiramente aqui na América e morrer lutando na Europa, por seus ideais).
(?.?.1821 – 04.08.1849)


CECILIA MEIRELES
O que é preciso é ser como se já não fôssemos, vigiados pelos próprios olhos severos conosco, pois o resto não nos pertence.
(07.11.1901 - 09.11.1964)



MADRE TEREZA DE CALCUTÁ
Recebeu inúmeras honras, inclusive o Nobel da Paz em 1979, "Pessoalmente nada valho.Eu aceito este prêmio em nome dos pobres"
(26.08.1910 – 05.09.1997)



CORA CAROLINA
Bati na porta de um coração. Bati. Bati. Nada escutei. Casa vazia. Porta fechada, foi que encontrei...
(20/08/1889 – 10/04/1985)

8 de Março - Dia Internacional da Mulher

(Tela de Anita Malfatti- A Bailarina)
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"Onde pisa uma mulher há sentimento
Onde pisam duas mulheres há determinação
Onde pisam três mulheres a organização cresce
Mas quando mais mulheres se juntam e pisam a terra firme
Germina a esperança
Já é possível planejar a colheita da safra
De um mundo novo"
(Sandor Sanches)
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sexta-feira, 7 de março de 2008

Haikais - Teruko Oda


Pássaros disputam -

Parece tão saboroso

o mamão do vizinho.

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Rápidas bicadas -

Equilibra-se no galho

a ameixa amarela.
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Vasos amontoados -

A florada de crisântemos

nos fundos do templo.
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(Tela de Aldemir Martins - Vaso de Flores)


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quinta-feira, 6 de março de 2008

Apelidos - Helena Kolody




Eram Jucas e Chiquinhos,


Ninas, Lolas, Mariquitas.


Apelidos que o amor


seleva nas criaturas.


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Hoje são números.


(Computadores não programam ternura)
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(Pintura de Carybé - Sábado)


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quarta-feira, 5 de março de 2008

Por Alice Ruiz


já não temo fantasmas


invoco a todos


que venham em bando


povoar meus dias


atormentar minhas noites


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entre tantos


loucos e livres


existe um


que é doce


e que me falta


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(Tela de Enrico Bianco - Nú)

terça-feira, 4 de março de 2008

Por Clarice Lispector


"Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca:

a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra – a entrelinha -

morde a isca, alguma coisa se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha,

poder-se-ia com alívio jogar a palavra fora".

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(Tela de Clarice Lispector)

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segunda-feira, 3 de março de 2008

Meus Rabiscos ...


Apenas um Encontro

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Por um instante apenas

Nossos devaneios encontraram-se,

Rabiscamos um céu de poemas

Flores enfeitavam nossos rostos.

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Na relva do mundo do faz-de-conta,

Andamos de pés descalços,

Pescamos estrelas cintilantes e

Enfeitamos nossos versos.

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Alcançamos o grandioso mar onde

Promessas foram feitas,

Assim como um belo poema

Para eternizar o inesquecível momento.
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(Tela de Oscar Araripe - Pedra do Araripe Quixadá)
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domingo, 2 de março de 2008

O Último Poema - Manuel Bandeira




Assim eu quereria o meu último poema.


Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais


Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas


Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume


A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos


A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
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(Tela de Aldemir Martins - Paisagem)


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