quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Por Ricardo Reis


Em vão procuro o bem que me negaram.

As flores dos jardins dadas aos outros

Como hão-de mais que perfumar de longe

Meu desejo de tê-las?

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12-5-1921

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(Tela de Neiva Passuello - Primavera em Flor)


quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Como uma Flor Vermelha - Sophia de Mello Breyner Andresen



À sua passagem a noite é vermelha,
E a vida que temos parece
Exausta, inútil, alheia.
Ninguém sabe onde vai nem donde vem,
Mas o eco dos seus passos
Enche o ar de caminhos e de espaços
E acorda as ruas mortas.
Então o mistério das coisas estremece
E o desconhecido cresce
Como uma flor vermelha.

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(Tela de Neiva Passuelo - Omaggio a Cremona)

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Eu Amo Tudo o Que Foi - Fernando Pessoa


Eu amo tudo o que foi

Tudo o que já não é

A dor que já não me dói

A antiga e errônea fé

O ontem que a dor deixou

O que deixou alegria

Só porque foi, e voou

E hoje é já outro dia.

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(1931)
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(Tela de Pedro Weingartner - Fim de Ceifa)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Meus Rabiscos ...


Recordações ...




Uma canção esquecida


Nas recordações guardadas a sete chaves


Musicalidade e poesia


Que acalenta o coração


E afaga a alma.




Uma canção esquecida


No dia em que fui mais feliz.
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(Tela de Neiva Passuello - Paz Interior)

domingo, 27 de janeiro de 2008

Abismal - Helena Kolody





Meus olhos estão olhando


De muito longe, de muito longe,


Das infinitas distâncias


Dos abismos interiores.


Meus olhos estão a olhar do extremo longínquo


Para você que está diante de mim.


Se eu estendesse a mão, tocaria a sua face.
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(Tela de Tomás Santa Rosa - Festa)

sábado, 26 de janeiro de 2008

A Arte de Ser Feliz - Cecília Meireles


Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual,
para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas,
para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros
e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente,
que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

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(Imagem retirada de arquivo pessoal)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Poesia e Flor - Cleonice Rainho


Uma rosa de alegria

não pode durar um dia.

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Um lírio de haste frágil

precisa de um braço ágil.

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Margarida branca ou amarela

- exemplo de vida singela.

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Um cravo não nos embala

só pelo perfume que exala.

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Amor-perfeito, nome e flor

lembram um bem superior.

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Nem tudo uma flor nos diz

apenas pelo seu matiz.

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Cai a tarde, a noite vem

e a flor repousa também.

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Veja a flor como é feliz

quando alimenta os colibris.

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Anjos sobrevoaram a natureza

trazendo às flores beleza.

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E nesse momento de amor

Deus uniu Poesia e Flor.

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(Tela de Philip Craig - Spring or Chard)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Não-Coisa - Ferreira Gullar



O que o poeta quer dizer

no discurso não cabe

e se o diz é pra saber

o que ainda não sabe.
Uma fruta uma flor

um odor que relume…

Como dizer o sabor,

seu clarão seu perfume?
Como enfim traduzir
na lógica do ouvido

o que na coisa é coisa

e que não tem sentido?

A linguagem dispõe

de conceitos, de nomes

mas o gosto da fruta

só o sabes se a comes
só o sabes no corpo

o sabor que assimilas

e que na boca é festa

de saliva e papilas
invadindo-te inteiro

tal do mar o marulho

e que a fala submerge

e reduz a um barulho,
um tumulto de vozes

de gozos, de espasmos,

vertiginoso e pleno

como são os orgasmos
No entanto, o poeta

desafia o impossível

e tenta no poema

dizer o indizível:
subverte a sintaxe

implode a fala, ousa

incutir na linguagem

densidade de coisa
sem permitir, porém,

que perca a transparência

já que a coisa é fechada

à humana consciência.
O que o poeta faz

mais do que mencioná-la

é torná-la aparência

pura — e iluminá-la.
Toda coisa tem peso:

uma noite em seu centro.

O poema é uma coisa

que não tem nada dentro,
a não ser o ressoar

de uma imprecisa voz

que não quer se apagar

— essa voz somos nós.
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(Tela de Philip Craig, Terrace, Crillon le Brave)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Rachel de Queiroz



"[...] tento, com a maior insistência, embora com tão

precário resultado (como se tornou evidente), incorporara

linguagem que falo e escuto no meu ambiente nativo à

língua com que ganho a vida nas folhas impressas.

Não que o faça por novidade, apenas por necessidade.

Meu parente José de Alencar quase um século atrás vivia

brigando por isso e fez escola."
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(Tela de Taunay - Paisagem Européia)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Meus Rabiscos...


Tua Chegada

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Chegas e envolve-me

Com o calor de teu abraço

E de teu beijo.

Na troca de olhares

Promessas são feitas,

Minha ansiedade vai embora.

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Nesta hora em que

As estrelas espiam

E a lua abençoa nosso amor,

Renasço:

É o começo de uma nova história.

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Tuas mãos desalinham meus cabelos,

afagam meu rosto

E meu coração,

Até então envolto por

Uma cápsula protetora

Por medo de amar

Novamente.
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(Tela de Oswaldo Teixeira - "Em Azul")

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Aos Leitores Amigos - Goethe

Poetas não podem calar-se,
Querem às turbas mostrar-se.
Há de haver louvores, censuras!
Quem vai confessar-se em prosa?
Mas abrimo-nos sob rosa
No calmo bosque das musas.

Quanto errei, quanto vivi,
Quanto aspirei e sofri,
Só flores num ramo — aí estão;
E a velhice e a juventude,
E o erro e a virtude
Ficam bem numa canção.


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(Tela de Neiva Passuelo - Advinhe o Que Eu Tago para Você)

http://neiva.passuello.com.br/


sábado, 19 de janeiro de 2008

Eu Vi - Velimir Khlébnikov



Um vivo
Sol
Ou tom no
Outono
Só no
Sono
Azul.
Enquanto
Do canto
Dos teus calcanhares
Calcas os ares
Para o novelo
Da nebulosa,
Teu cotovelo
Em ângulo alvo
Alteando aos lábios.
Abril,
Abrir
A voz
As provas
De
Deus.
Consonha
Em vôo
Aberto
O abeto,
Colhe os
Olhos
Azuis
Com os laços
Das sobrancelhas
E dos pássaros
Cerúleos.
No anil
Há mil
. .
(Tela de Neiva Passuello - Amanhecer no Trigal)
http://neiva.passuello.com.br/

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Paleta - Albano Martins




Tens uma paleta


a que faltam


algumas cores. Talvez


porque há substâncias


a que não soubeste


dar expressão. Ou porque elas


são incolores. Ou porque


em toda a realidade


há fendas


que nem pela palavra


nem pela cor


alguma vez


saberás preencher.
...
...
(Tela de Tarsila do Amaral - A Feira I)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

De Alvaro Moreyra


Acreditei na vida.

E a vida em mim.

Depois

Desandamos a rir de nós ambos os dois...

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(Tela de Eros Waldo Teixeira - Vista do Atelier)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Meus rabiscos ...


PURIFICAÇÃO
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Água cristalina
Nascente vigorosa
Alma lavada

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(Tela de Neiva Passuello - Arredores de Berlim)


terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Se - Alice Ruiz

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se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra

eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto

ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio

daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...

.

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(Tela de Neiva Passuello - Entre Flores)

http://neiva.passuello.com.br/


segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Exercícios ao Piano - Rainer Maria Rilke





O calor cola.


A tarde arde e arqueja.


Ela arfa, sem querer, nas leves vestes


e num étude enérgico despeja


a impaciência por algo que está prestes


.
a acontecer: hoje, amanhã, quem sabe


agora mesmo, oculto, do seu lado;


da janela, onde um mundo inteiro cabe,


ela percebe o parque arrebicado.
.


Desiste, enfim, o olhar distante; cruza


as mãos; desejaria um livro; sente


o aroma dos jasmins, mas o recusa


num gesto brusco. Acha que a faz doente.
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(Tela de João Baptista da Costa - Retrato)

domingo, 13 de janeiro de 2008

Meus rabiscos...


ACOLHIDA
. .
TARDE FINDA
DOURADO INTENSO
RECEBE A NOITE
. .
(Tela de Neiva Passuello - Catléias Liláses)
http://neiva.passuello.com.br

sábado, 12 de janeiro de 2008

Ah, que você escape - José Lezama Lima


Ah, que você escape no instante
em que tenha alcançado sua melhor definição.
Ah, minha amiga, não queira acreditar
nas perguntas dessa estrela recém-cortada,
que vai molhando suas pontas em outra estrela inimiga.
Ah, se fosse certo que, à hora do banho,
quando, em uma mesma água discursiva,

se banham a imóvel paisagem e os animais mais finos:
antílopes, serpentes de passos breves, de passos evaporados,
parecem entre sonhos, sem ânsias levantar
os mais extensos cabelos e a água mais recordada.
Ah, minha amiga, se no puro mármore das despedidas
tivesses deixado a estátua que poderia nos acompanhar,
pois o vento, o vento gracioso,
se extende como um gato para deixar-se definir.

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(Tela de Neiva Passuello - Reflexos Prateados no Lago)

http://neiva.passuello.com.br/


sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Meus Rabiscos...


ÀS AVESSAS


Dia atípico
Verbo amarrado

Pensamento escancarado

..TTela de Maria Polo - Composição (Quádruplo)

..

Antes - Helena Kolody



Antes que desça a noite,
imprimir na retina
os rostos amados,
o sol
as cores,
o céu de outono
e os jardins da primavera.

Inundar de sons
de vozes
e de música eterna
os ouvidos
antes que os atinja
a maré do silêncio.

Conquistar
os pontos culminantes
da vida,
antes que se esgote
o prazo de permanência
em seu território sagrado.
.
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(Tela de Lula Cardoso Ayres - Mulher)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Meus rabiscos...


ANJO

Um sentimento inesperado
E fora das convenções
Instalou-se em meu coração.
Despertou-me para a cor da poesia
Para o feitiço da lua e
Para a musicalidade
Da hora do crepúsculo.
Povoam e reluzem em minha mente
Sonhos e anseios secretos
Guardados a sete chaves.
Esboço um sorriso
Vestido de esperança
Na ânsia de me doar por completo,
Quando romper os protocolos.
Até lá fantasiarei sozinha,
Contarei as estrelas,
Abraçarei sua essência,
Até me entregar a você
Por inteira.
.
.
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(Imagem retirada de arquivo pessoal)

Meus rabiscos...


NOTURNO

A noite chega silenciosa,
Seus mistérios indecifráveis
Provocam rubor nas emoções
E uma vontade de romper protocolos:

Correr descalça em seu jardim
E de mãos dadas com você,
Deitar na relva para contemplar estrelas,
Vislumbrar a lua dos enamorados
para finalmente me perder em seu olhar...
..
...
(Dedicado a um anjo raro e especial)
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Imagem de Pedro Castro
retirada do site: www.1000imagens.com


quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Meus rabiscos...


NAUFRÁGIO
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Barco ancorado

Tristeza no cais:

Encontro naufragado
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(Tela de Nicola Antonio Facchinetti - Vista da Urca)

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Meus rabiscos...




LIBERDADE
Livre como o vento,



Sem amarras,



Deixo-me flutuar



Num mar de emoções



Jamais experimentado.



A imensidão fascina



E desperta novos anseios



A serem desbravados



Em forma de verso e prosa.
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(imagem retirada de arquivo pessoal)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Meus rabiscos...


GUARANIS

Bravos guaranis


Região das Missões


Mendigam o pão





(imagem retirada do site: www.sescsp.org.br)

domingo, 6 de janeiro de 2008

Os Votos - Sérgio Jockymann


Desejo primeiro que você ame,

E que amando, também seja amado.

E que se não for, seja breve em esquecer.

E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,

Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,

Que mesmo maus e inconseqüentes,

Sejam corajosos e fiéis,

E que pelo menos num deles
.
Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,

Desejo ainda que você tenha inimigos.

Nem muitos, nem poucos,

Mas na medida exata para que, algumas vezes,

Você se interpele a respeito

De suas próprias certezas.

E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,

Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,

Mas não insubstituível.

E que nos maus momentos,

Quando não restar mais nada,

Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,

Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,

Mas com os que erram muito e irremediavelmente,

E que fazendo bom uso dessa tolerância,

Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,

Não amadureça depressa demais,

E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer

E que sendo velho, não se dedique ao desespero.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e

É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,

Não o ano todo, mas apenas um dia.

Mas que nesse dia descubra

Que o riso diário é bom,

O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra,

Com o máximo de urgência,

Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,

Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,

Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro

Erguer triunfante o seu canto matinal

Porque, assim, você sesentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,

Por mais minúscula que seja,

E acompanhe o seu crescimento,

Para que você saiba de quantas

Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,

Porque é preciso ser prático.

E que pelo menos uma vez por ano

Coloque um pouco dele

Na sua frente e diga `Isso é meu`,

Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,

Por ele e por você,

Mas que se morrer, você possa chorar

Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,

Tenha uma boa mulher,

E que sendo mulher,

Tenha um bom homem

E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,

E quando estiverem exaustos e sorridentes,

Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,

Não tenho mais nada a te desejar.
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(Tela de Pedro Weingartner - Na Varanda)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Meus rabiscos...



PONTEIROS
No vaivém do relógio
procuro respostas
para o que se passa entre nós.


O que prevalece
entre sorrisos, silêncio e
troca de olhares?

A ausência vira presença
tão facilmente
quanto o deslizar dos ponteiros
na dança das horas.

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(Tela de Oscar Pereira da Silva - A Dama)

Distâncias - Paul Celan



Olho no olho, no frio,

deixa-nos também começar assim:

juntos

deixa-nos respirar o véu

que nos esconde um do outro,

quando a noite se dispõe a medir

o que ainda falta chegar

de cada forma que ela toma

para cada forma

que ela a nós dois emprestou.
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( tradução: Claudia Cavalcanti )
(Tela de Vicente do Rego Monteiro - "Paisagem")

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Flutuar - Rita Camargo Caldas



Ser livre

Vestir-se de gaivota

Num vôo alto

Riscando o céu

Deitar na grama

Contar estrelas

Correr descalça

Mergulhada em paz

Olhar as flores

Sentir o perfume

Inundar o coração

Com músicas de amor

Sentir o abraço amigo

Viajar nas asas da ilusão

Colecionando estrelas

Cintilantes de emoção

Ser livre de coração

De alma e de sonhos

Rasgando as teias tecidas

Pelas manobras da vida.

Aninhada e protegida

Pelo calor e aconchego

Vestida de esperança

Adormecer

No colo suave da paz.

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(imagem retirada de arquivo pessoal)