quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

FELIZ ANO NOVO !!!!!!!!!!!!!



(Tela de Neiva Passuello)
.
.
.
"Quem me acode à cabeça e
ao coração
neste fim de ano, entre
alegria e dor?
Que sonho, que mistério,
que oração?
Amor."
(Carlos Drummond de Andrade)
.
"Fazer da areia, terra e água
uma canção
Depois, moldar de vento
a flauta
que há de espalhar esta
canção
Por fim tecer de amor
lábios e dedos
que a flauta animarão
E a flauta, sem nada mais
que puro som
envolverá o sonho da
canção
por todo o sempre, neste
mundo".
(Carlos Drummond de Andrade)
.
A todos que me acompanharam em 2008 agradeço de coração e desejo um Novo Ano repleto de alegrias, prosperidade, realizações, amor, paz e saúde.
Que a esperança permeie sempre nossos corações.
.
FELIZ 2009!!!!
.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Estudo para uma ondina - Murilo Mendes


(Leonardo da Vinci)
.
.
Esta manhã o mar acumula ao teu pé rosas de areia,
balançando as conchas de teus quadris.
Ele te chama para as longas navegações:
Tua boca, tuas pernas teu sexo teus olhos escutaram.
.
Só teus ouvidos é que não escutaram, ondina.
Minha mão lúcida sacode a floresta do teu maiô.
Ao longe ouço a trompa da caçada às sereias
E um peixe vermelho faz todo o oceano tremer.
.
Tens quinze anos porque já tens vinte e sete,
Tens um ano apenas…
Agora mesmo nasceste da espuma,
E na incisão do ar líquido alcanças o amor dos elementos.
.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Meu povo, meu poema - Ferreira Gullar

(Tela de Varatojo)
.
.
Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a árvore nova
.
No povo meu poema vai nascendo
como no canavial
nasce verde o açúcar
.
No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro
.
Meu povo em meu poema
se reflete
como a espiga se funde em terra fértil
.
Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
do que planta
.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Dia de chuva - Cecília Meireles


(Tela de Yolanda Mohalyi)
.
.
As espumas desmanchadas
sobem-me pela janela,
correndo em jogos selvagens
de corça e estrela.
.
Pastam nuvens no ar cinzento:
bois aereos, calmos, tristes,
que lavram esquecimento.
.
Velhos telhados limosos
cobrem palavras, armários,
enfermidades, heroísmos...
.
quem passa é como um funâmbulo,
equilibrado na lama,
metendo os pés por abísmos...
.
Dia tão sem claridade!
só se conhece que existes
pelo pulso dos relógios...
.
Se um morto agora chegasse
àquela porta, e batesse,
com um guarda-chuva escorrendo,
e com limo pela face,
ali ficasse batendo
.
- ali ficasse batendo
àquela porta esquecida
sua mão de eternidade...
.
Tão frenético anda o mar
que não se ouviria o morto
bater à porta e chamar...
.
E o pobre ali ficaria
como debaixo da terra,
exposto à surdez do dia.
.
Pastam nuvens no ar cinzento.
Bois aéreos que trabalham
no arado do esquecimento.
.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Tempo de Natal - Renata Christina Machado de Oliveira


(Tela de Neiva Passuello)
.
.
É Tempo de Natal!
Tempo de Reflexão!
Tempo de Solidariedade!
Tempo de Perdão!
Tempo de Fraternidade!
Tempo de Comunhão!
Tempo de Saudade!
Tempo de Compaixão!
Tempo de Humildade!
Tempo de Oração!
Tempo de Igualdade!
Tempo de União!
É Tempo de Natal...
.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Mistério - Mila Ramos

(Tela de W. Maguetas)
.
.
Cada manhã
acorda em mim
um segredo de luz
- feito os baús
dos tempos idos
escondidos no porão - .
.
Eu me pergunto:
- Quem guardará,
durante o sono,
o mistério da vida
- indormida -
até o alvorecer?
.

Síntese - Henriqueta Lisboa

(Tela de Rembrandt)
.
.
Apanhei-te em flagrante
ó lógica selvagem.
Tenho-te em mãos pela raiz.
De tuas cores ofuscantes
fiz uma corola nítida
pétala a menos calidez a mais.
.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Esperemos - Pablo Neruda

(Painel de Diogo Rivera)
.
.
Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da almaque
levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.
.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Por Machado de Assis ...



(Tela de Monet)
.
.
"Ou lê o livro até o fim, ou fecha-o de uma vez; abri-lo e fechá-lo, fechá-lo e abri-lo, é mau, porque traz sempre a necessidade de reler o capítulo anterior para ligar o sentido, e livros relidos são livros eternos."
.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Este é o prólogo - Federico García Lorca


(Tela de Van Gogh)
.
.
Deixaria neste livro

toda a minha alma.
este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.
.
Que pena dos livros

que nos enchem
as mãos de rosas e de estrelas
e lentamente passam !
.
Que tristeza tão funda

é olhar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta !
.
Ver passar os espectros

de vida que se apagam,
ver o homem desnudo
em Pégaso sem asas,
.
ver a vida e a morte,

a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se olham e se abraçam.
.
Um livro de poesias

é o outono morto:
os versos são as folhas negras
em terras brancas,
.
e a voz que os lê

é o sopro do vento
que lhes incute nos peitos
- entranháveis distâncias.
.
O poeta é uma árvore

com frutos de tristeza
e com folhas murchas
de chorar o que ama.
.
O poeta é o médium

da Natureza que explica
sua grandeza
por meio de palavras.
.
O poeta compreende

todo o incompreensível
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chamas.
.
Sabe que as veredas

são todas impossíveis,
e por isso de noite
vai por elas com calma.
.
Nos livros de versos,

entre rosas de sangue,
vão passando as tristes
e eternas caravanas
.
que fizeram ao poeta

quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.
.
Poesia é amargura,

mel celeste que emana
de um favo invisível
que as almas fabricam.
.
Poesia é o impossível

feito possível.
Harpa que tem em vez
de cordas corações e chamas.
.
Poesia é a vida

que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
sem rumo a nossa barca.
.
Livros doces de versos

sãos os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
suas estrofes de prata.
.
Oh ! que penas tão fundas

e nunca remediadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam !
.
Deixaria neste livro
toda a minha alma...
.
(tradução: William Agel de Melo)

.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

De canto... - Salette Tavares

.
(Tela de Alfredo Keil )
.
.
De canto e hora meu nada se enlouquece

neste espanto de ver e de não ser
e na pergunta a resposta se empobrece
sem luz de outra manhã, o acontecer.
.
No turbilhão do pequeno
o breve esquece
.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Auto-retrato - Ana Hatherly

.
(Tela de Van Gogh)
.
.
Este que vês, de cores desprovido,

o meu retrato sem primores é
e dos falsos temores já despido
em sua luz oculta põe a fé.
.
Do oculto sentido dolorido,
este que vês, lúcido espelho é
e do passado o grito reduzido,
o estrago oculto pela mão da fé.
.
Oculto nele e nele convertido
do tempo ido escusa o cruel trato,
que o tempo em tudo apaga o sentido;
.
E do meu sonho transformado em acto,
do engano do mundo já despido,
este que vês, é o meu retrato.
.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Certezas - Mário Quintana



(Tela de Toulouse-Lautrec)
.
.
Não quero alguém que morra de amor por mim...
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...
e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como SIM.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa,
de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros...
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades às pessoas,
que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim...
e que valeu a pena.
.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Escândalo da Rosa - Vinícius de Moraes


,
(Tela de Paul Klee)
,
,
Oh rosa que raivosa
Assim carmesim
Quem te fez zelosa
O carme tão ruim?
,
Que anjo ou que pássaro
Roubou tua cor
Que ventos passaram
Sobre o teu pudor
,
Coisa milagrosa
De rosa de mate
De bom para mim
,
Rosa glamourosa?
Oh rosa que escarlate:
No mesmo jardim!
,

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Meu Deus, me dê a coragem - Clarice Lispector

(Tela de Monet)
,
,
Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.
,

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Às seis da tarde - Marina Colasanti



(Tela de W. Maguetas)
,
,
Às seis da tarde
as mulheres choravam
no banheiro.
Não choravam por isso
ou por aquilo
choravam porque o pranto subia
garganta acima
mesmo se os filhos cresciam
com boa saúde
se havia comida no fogo
e se o marido lhes dava
do bom
e do melhor
choravam porque no céu
além do basculante
o dia se punha
porque uma ânsia
uma dor
uma gastura
era só o que sobrava
dos seus sonhos.
Agora
às seis da tarde
as mulheres regressam do trabalho
o dia se põe
os filhos crescem
o fogo espera
e elas não podem
não querem chorar na condução
,

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Nostalgia - Henriqueta Lisboa



(Tela de Neiva Passuello)
.
.
Viver e pressentir
..................... à antiga
todo o acre-doce
............................... do tardio
.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Bebido o luar - Sophia de Mello Breyner Andresen


(Tela de Toulouse-Lautrec)
,
,
Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
,
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
,
Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.
,

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Harmonia da Tarde - Charles Baudelaire


(Tela de Edouard Manet)
,
.
Chegado é o tempo em que, vibrando o caule virgem,
Cada flor se evapora igual a um incensório;
Sons e perfumes pulsam no ar quase incorpóreo;
Melancólica valsa e lânguida vertigem!
.
Cada flor se evapora igual a um incensório;
Fremem violinos como fibras que se afligem;
Melancólica valsa lânguida vertigem!
É triste e belo o céu como um grande oratório.
.
Freme violinos como fibras que se afligem,
Almas ternas que odeiam o nada vasto e inglório!
É triste e belo o céu como um grande oratório;
O sol se afoga em ondas que de sangue o tingem.
.
Almas ternas que odeiam o nada vasto e inglório
Recolhem do passado as ilusões que o fingem!
O sol se afoga em ondas que de sangue o tingem...
Fulge a tua lembrança em mim qual ostensório!
.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Cerimônia do Chá - Paulo Leminski


(Tela de Renoir)
,
,
Ainda ontem
Convidei um amigo
Para ficar em silêncio comigo
Ele veio meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo
,

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Solstício de Verão - Rosy Beltrão


(Tela de James Tissot)
,
,
Sinto-me assim, como em dia de colheita.
Livre a voar.
Não preciso de asas, fico só na espreita
Pois meu sonho o faz por mim.
E ele vem bem assim...
Dançar em volta da fogueira,
Noites de música, cheiro do mar
Perto dali,
Na selva densa, escura e tensa
Na noite, a lua a cintilar
No centro, o fogo a trepidar
Caldeirão de ervas, incensos e chás
Bebidas etílicas, o vinho a derramar
Mulheres vestidas de brilhos
Pele macia, o profundo do olhar
De felina selvagem, de animal no cio,
lábios molhados, decotes ousados
Cobrem-lhes as espáduas
Negros cabelos ondulados
Caminham em seus passos sensuais
Trazendo consigo, a alma dos imortais
Insinuando que suas entranhas são fecundas
Esgueiram-se entre os homens
Em danças provocantes
Mexendo sutilmente os maliciosos quadris
Fazendo-os, de dóceis cordeiros
Seguem-nas apenas com a vista,
Nunca as perdem de vista.
Querem agarrá-las com suas mãos grosseiras
Comê-las com os olhos
Aspiração incontrolável de montá-las.
Mostrar-lhes toda a sua capacidade
O poder de sua impetuosidade;
A noite cai reluzente sob o luar do solstício
Em meio à música e o movimento
A bebida e a dança,
Elas disseminam seus ares
Exalando seus cheiros de luxúrias
Lambuzando-lhes com suas umidades
Anseiam pela colheita do sémem
Para no próximo verão desabrochar
Eles encostam-lhes as mãos,
Agarram-nas com voluptuosidade
E elas em luta, anseiam ser domadas
De querer ser o que se quer ser
Só animal, só instinto .
Entre brumas e névoas
Em um canto, na relva
Molhada do orvalho
Nuas, em total devassidão,
Entre orgasmos exultantes
e Gritos alucinantes de prazer.
O tempo se escoa
Entre a música, vinho e movimentos
Ora simétricos,
balançando sob o mesmo compasso
Ora cavalgadas selvagens
Montados como perfeitos animais
A brisa chega de mansinho,
A música não tem mais cor
O vinho acabou.
Perdeu o sabor.
A fogueira jaz encoberta de cinzas
Gemidos, pequenos sons vindos do espaço
Trepidar de galhos a cair,
Um aqui outro ali.
Leves como a bruma a lhes cobrir
Corpos suados, homens cansados,
Inteiramente esgotados
Mulheres nuas, deitadas na relva
Entre cabelos emaranhados e olhos fechados.
No solstício de verão,
Éramos chamadas de bruxas.
Que encanto, que sortilégio.
Da magia, ouvir novamente
O meu nome a soar.
,

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Plenilúnio - Raimundo Correia

Tela de Cézanne
,
,
Além nos ares, tremulamente,
Que visão branca das nuvens sai!
Luz entre as franças, fria e silente;
Assim nos ares, tremulamente,
Balão aceso subindo vai...
,
Há tantos olhos nela arroubados,
No magnetismo do seu fulgor!
Lua dos tristes e enamorados,
Golfão de cismas fascinador!
,
Astro dos loucos, sol da demência,
Vaga, noctâmbula aparição!
Quantos, bebendo-te a refulgência,
Quantos por isso, sol da demência,
Lua dos loucos, loucos estão!
,
Quantos à noite, de alva sereia
O falaz canto na febre a ouvir,
No argênteo fluxo da lua cheia,
Alucinados se deixam ir...
,
Também outrora, num mar de lua,
Voguei na esteira de um louco ideal;
Exposta aos euros a fronte nua,
Dei-me ao relento, num mar de lua,
Banhos de lua que fazem mal.
,
Ah! quantas vezes, absorto nela,
Por horas mortas postar-me vim
Cogitabundo, triste, à janela,
Tardas vigílias passando assim!
,
E assim, fitando-a noites inteiras,
Seu disco argênteo n'alma imprimi;
Olhos pisados, fundas olheiras,
Passei fitando-a noites inteiras,
Fitei-a tanto que enlouqueci!
,
Tantos serenos tão doentios,
Friagens tantas padeci eu;
Chuva de raios de prata frios
A fronte em brasa me arrefeceu!
,
Lunárias flores, ao feral lume,
- Caçoilas de ópio, de embriaguez
- Evaporavam letal perfume...
E os lençóis d'água, do feral lume
Se amortalhavam na lividez...
,
Fúlgida névoa vem-me ofuscante
De um pesadelo de luz encher,
E a tudo em roda, desde esse instante,
Da cor da lua começo a ver.
,
E erguem por vias enluaradas
Minhas sandálias chispas a flux...
Há pó de estrelas pelas estradas...
E por estradas enluaradas
Eu sigo às tontas, cego de luz...
,
Um luar amplo me inunda, e eu ando
Em visionária luz a nadar.
Por toda parte louco arrastando
O largo manto do meu luar...
,

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Presente recebido da querida poetisa Lêda Yara


Tela de Monet
,
,
O dia do aniversário é especial.
Trazer à luz é proporcionar
o despertar em essência.
Neste dia significativo, celebramos com você
o nascimento deste espaço
que nos acolhe carinhosamente
e distribui emoção a cada alma,
a cada coração que o visita!
Parabéns!
,
Muito obrigada Lêda Yara por me proporcionar tamanha alegria
ao ser brindada com seus belos versos.
Carinho meu para você!
Beijos primaveris, Renata.
,