(Tela de Van Gogh)
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Deixaria neste livro
toda a minha alma.
este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.
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Que pena dos livros
que nos enchem
as mãos de rosas e de estrelas
e lentamente passam !
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Que tristeza tão funda
é olhar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta !
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Ver passar os espectros
de vida que se apagam,
ver o homem desnudo
em Pégaso sem asas,
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ver a vida e a morte,
a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se olham e se abraçam.
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Um livro de poesias
é o outono morto:
os versos são as folhas negras
em terras brancas,
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e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes incute nos peitos
- entranháveis distâncias.
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O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchas
de chorar o que ama.
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O poeta é o médium
da Natureza que explica
sua grandeza
por meio de palavras.
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O poeta compreende
todo o incompreensível
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chamas.
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Sabe que as veredas
são todas impossíveis,
e por isso de noite
vai por elas com calma.
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Nos livros de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristes
e eternas caravanas
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que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.
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Poesia é amargura,
mel celeste que emana
de um favo invisível
que as almas fabricam.
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Poesia é o impossível
feito possível.
Harpa que tem em vez
de cordas corações e chamas.
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Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
sem rumo a nossa barca.
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Livros doces de versos
sãos os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
suas estrofes de prata.
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Oh ! que penas tão fundas
e nunca remediadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam !
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Deixaria neste livro
toda a minha alma...
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(tradução: William Agel de Melo)
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2 comentários:
Renata, que este fim de ano que se aproxima possa ser o prólogo de um novo ano cheio de felicidades.
Votos de um Santo Natal!
Tenha um, Feliz Natal me um ótimo Ano Novo, cheio de prosa e poesia a embelezar a alma.
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