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Minha família anda longe
contravos de circunstancias:
uns converteram-se em flores,
outros em pedra, água, líquen,
alguns, de tanta distância,
nem têm vestígios que indiquem
uma certa orientação.
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Minha família anda longe,
- Na Terra, na Lua, em Marte
-uns dançando pelos ares,
outros perdidos no chão.
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Tão longe, a minha família!
Tão dividida em pedaços!
Um pedaço em cada parte...
Pelas esquinas do tempo,
brincam meus irmãos antigos:
uns anjos, outros palhaços...
Seus vultos de labareda
rompem-se como retratos
feitos em papel de seda.
Vejo lábios, vejo braços,
- por um momento, persigo-os;
de repente os mais exatos,
perdem a sua exatidão.
Se falo, nada responde.
Depois, tudo vira vento,
e nem o meu pensamento
pode compreender por onde
passaram nem onde estão.
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Minha família anda longe.
Mas eu sei reconhecê-la:
um cílio dentro do Oceano...
uma ruga num caminho
caída como pulseira,
um joelho em cima da espuma,
um movimento sozinho
aparecido na poeira...
Mas tudo vai sem nenhuma
noção de destino humano,
de humana recordação.
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Minha família anda longe.
reflete-se em minha vida,
mas não acontece nada:
por mais que eu esteja lembrada,
ela se faz de esquecida:
não há comunicação!
Uns são nuvem, outros lesma...
Vejo as asas, sinto os passos
de meus anjos e palhaços,
numa ambígua trajetória
de que sou o espelho e a história.
Murmuro para mim mesma:
"É tudo imaginação!"
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Mas sei que tudo é memória...
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4 comentários:
E as memórias são belas desde que sejam recordadas com saudade.
Parabéns. Lindíssimo.
http://desabafos-solitarios.blogspot.com/
Renata,
Gostei muito daqui, onde posso estar com Cecilia Meireles, Cora Coralina, Clarice Lispector, e outros de que igualmente gosto.
Vim te agradecer por sua adesão à Blogagem Coletiva JUSTIÇA PARA FLAVIA. Conto então com seu post no dia 15.09.
Um carinhoso abraço.
Um dos mais belos poemas de Cecília. Bela postagem.
Lindo texto.Saudade. Renata querida. Davi. 16 .06.2016
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