domingo, 9 de dezembro de 2007

Corridinho - Adélia Prado



O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água,
bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha,
truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
(Tela de José Roberto Aguilar - Jardim de Van Gogh)

2 comentários:

Cruel disse...

Oi! Seu blog é bastante suave. Gostei muito dele. Sinta-se convidada a conhecer o meu de poesias...
Abraços

Cruel disse...

Oi! Seu blog é bastante suave. Gostei muito e voltarei para visitá-lo. Sinta-se convidada a conhecer o meu de poesias também...
Um abraço