quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Cotidiano - Miguel Torga

(Tela de Luiza Caetano)
.
.
Murchou a flor aberta ao sol do tempo.
Assim tinha de ser, neste renovo
Cotidiano,
Outro ano,
Outra flor,
Outro perfume.
O gume
Do cansaço
Vai ceifando,
E o braço
Doutro sonho
Semeando.
.
É essa a eternidade:
A permanente rendição da vida.
Outro ano,
Outra flor,
Outro perfume,
E o lume
De não sei que ilusão a arder no cume
De não sei que expressão nunca atingida.
.
Miguel Torga,
in 'Orfeu Rebelde'
.

Um comentário:

Poesia do Bem disse...

lindo poema amiga, bjsssssssssss e venha me visitar, Paula Belmino