quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Envoi - Ezra Pound


Vai, livro natimudo,

E diz a ela

Que um dia me cantou essa canção de Lawes:

Houvesse em nós

Mais canção, menos temas,

Então se acabariam minhas penas,

Meus defeitos sanados em poemas

Para fazê-la eterna em minha voz


Diz a ela que espalha

Tais tesouros no ar,

Sem querer nada mais além de dar

Vida ao momento,

Que eu lhes ordenaria: vivam,

Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,

Rubribordadas de ouro, só

Uma substância e cor

Desafiando o tempo.


Diz a ela que vai

Com a canção nos lábios

Mas não canta a canção e ignora

Quem a fez, que talvez uma outra boca

Tão bela quanto a dela

Em novas eras há de ter aos pés

Os que a adoram agora,

Quando os nossos dois pós

Com o de Waller se deponham, mudos,

No olvido que refina a todos nós,

Até que a mutação apague tudo

Salvo a Beleza, a sós.

(tradução de Augusto de Campos)
(imagem de Km Anderson)

2 comentários:

Anônimo disse...

Renata, obrigado pela visita carinhosa ao Poesia Sim. Gostei de encontrar Ezra Pound pr aqui. Deu pra sentir a amplitude da tua alma. Depois visito teu outro blog.
Um beijo!
Lau

PS. Leonor é uma pessoa especialíssima, apesar de nao conehcê-la pessoalmente. Deixo aqui, procê, um poema do meu segundo livro, "O guardador de sorrisos"


aos predadores
da utopia



dentro de mim
morreram muitos tigres

os que ficaram
no entanto
sao livres

Suellen Verçosa disse...

Renata...obrigado pela visita e pelas palavras no meu blog. Fiquei muito contente. Li algumas coisas do seu também...e posso dizer que muito me agradou a Essência de Renata!

Espero poder-mos compartilhar mais poesia!

Até logo!