(Tela de Guido Viaro)
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Homens sem pressa, talvez cansados,
descem com leva madeirões pesados,
lavrados por escravos em rudes simetrias,
do tempo das acutas.
Inclemência.
Caem pedaços na calçada.
Passantes cautelosos desviam-se com prudência.
Que importa a eles o sobrado?
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Gente que passa indiferente,
olha de longe,
na dobra das esquinas,
as traves que despencam.
- Que vale para eles o sobrado?
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Quem vê nas velhas sacadas de ferro forjado as sombras debruçadas?
Quem é que está ouvindo o clamor, o adeus, o chamado?...
Que importa a marca dos retratos na parede?
Que importam as salas destelhadas,
e o pudor das alcovas devassadas...
Que importam?
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E vão fugindo do sobrado,
aos poucos,
os quadros do Passado.
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3 comentários:
Muito bom o texto da Cora! Beijo para você moça bonita!
Cora Coralina é poeta do cotidiano, da terra, do sol, da vida. Sempre me encontro em alguns dos seus versos.
Beijo,
Cora Coralina, uma vida inteira e sofrida, porém moldada pela mais doce POESIA!
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